Monday, October 30, 2006

 
SENTI QUE ESTAVA JUNTO À MINHA GENTE
Foi um momento sublime
Como sublime é esta gente
Gente que canta
Gente que ri
Gente que sofreu
Gente que tem paz!

Esta é a minha gente!

Este é o meu povo
O povo Angolano
Que tem pureza no olhar
E candura na expressão!

Que apenas quer
Trabalho, paz, amor e pão!
Deixem o meu povo viver
Ali nas suas mulembas
Ali, nas suas cubatas!

Esta é a minha gente!

Fiquem com as vossas armas
Deixai-os em paz
Porque em paz os encontraram
Nas suas cubatas
À sombra das mulembas
Vivem cantando
Na inocência das suas almas
As crianças vivem brincando!
Deixai que sonhem!
Deixai-as sorrir
Deixem-nas viver!
Deixem-nas em PAZ!

Helder Sabino (kayno-Bié)

Sunday, October 29, 2006

 
BEIJAR O CHÃO DA TERRA QUE ME VIU NASCER!
32 anos depois, vencido pela saudade, o coração levo-me até Nova Sintra, no Planalto Central de Angola. Jurei que se tal acontecesse, beijaria o chão da terra que me viu nascer. Fi-lo!Estavamos a 17 de Setembro de 2006, depois de uma longa viagem de carro, por estradas com ou sem alcatrão, terraplanadas e com alguns buracos à mistura, rumei ao distrito do Bié. Já noite escura depois de andados 518 Kms cheguei à Silva Porto (Kuito), encontrei uma Cidade bem iluminada, com o seu centro histórico impecávelmente tratado.Qual Silva Porto martirizado pela Guerra! Havia realmente algumas marcas da maldita guerra mas via-se que ali a vida continuou. Depois de ter passado a noite numa pensão, o nosso distino seria Nova Sintra. A Ligação a S.Porto-Gare, fez-se num siguezaguear constante, tal não é o mau estado daquela estrada!Mas o destino era N.Sintra e o coração batia de forma descontrolada. De repente achei que Nova Sintra seria o último ponto de paragem naquela viagem que um dia sonhei.Teria sim, era de continuar a viagem, sem parar, até Camacupa. Assim foi. Aproximava-se a Chipeta e logo de seguida a minha Terra. Entro em N.Sintra num estado de nervos tal, que fiz a minha máquina fotográfica disparar em todos os sentidos. Seguimos para General Machado (Camacupa). Fui visitar a casa onde morei com os meus primos durante quase dois anos, fui vêr Camacupa, que mais não me pareceu senão uma cidade do velho Farwest! Missão cumprida! De regresso à Nova Sintra, pelo meio estaria a outra missão que seria a visita ao Chissingui, ali onde os VERDES DO MATO NÃO ACABAM (sic: NINI Coutinho). Agora sim, cheguei à Nova Sintra, contemplo aquele espaço onde em tempos existiu o Campo de Futebol Hortensio de Sousa. Está lá a estrutura de betão do portão o resto é uma miragem. O nó da garganta sinto-o cada vez mais apertado porque afinal eu estava ali, NA MINHA TERRA-NATAL. Sou informado de que um certo jovem que estava dentro do Bar Midões a vêr futebol na TV, era o meu irmão Jaime de 23 anos e que eu não conhecia! A ele me dirigi e me apresentei com o seu irmão mais velho! Este acompanhou-me à casa para cumprimentar os restantes familiares.De seguida rumei à zona do C.F.B. para mais umas fotos e aproveitei para cumprir a minha promessa: BEIJAR O CHÃO...fi-lo em frente Bar Bambi que em tempos fora propriedade da minha falecida Tia Joana Sabino. Acto continuo rumei ao bairro onde nasci...LONDELA, para visitar a minha casa. Encontrei o espaço vazio...Nem um tijolo! A minha casa sumira como sumiram outras que existiam nas redondesas. Foi o choque! Foi a emoção!Foi a dor de querer voltar ao passado que deixou de existir e que não me deixou uma lembramça....
Helder Sabino

Monday, October 23, 2006

 

londela: October 2006
Aqui começou aquela que foi a viagem do meu sonho de trinta anos.Ir beijar o chão da Terra que me viu nascer. Fui a Angola, fui a Nova Sintra no distrito do Bié. Quando junto destas cubatas chamei a mim aqueles miúdos, não pude conter as lágrimas. Pensei...este é o meu povo, esta é a minha gente. Não queria acreditar que naquele momento eu estaria ali de corpo e alma. A verdade é que estive lá! Senti-me pequeno perante tão heróica gente que suplantou as agruras da guerra. Eles sim foram os heróis, porque sem armas lutaram pela vida. Sofreram! A imagem da destruição, do abandono dilacerou o meu coração. Mesmo mentalizado para ao que ia, senti-me presente hà duzentos anos atrás.Por consequência, o choque foi enorme!Mas Angola e os Angolanos continuam iguais a si próprios. A pureza de tudo que naquela Terra há, é identica a das suas gentes.A humildade que engrandece qualquer ser humano está bem patente no mais pequenino dos angolanos.Eu acredito! Nós na diáspora acreditamos que Angola está a crescer!Vai continuar a crescer! Porque um povo que resistiu a 30 anos de sofrimento, é valoroso na sua essência, nâo se escondendo na capa do "coitadinho"!
Continua a lutar e pouco a pouco, sim, vai fazendo sentido que grite dizendo a vitória sempre, ou certa, esta é a vitória do POVO ANGOLANO!

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